Corações Perdidos Scott, Jake – diretor Uma garota que se prostitui, uma mulher depressiva de pedra e um homem que lament...

Dicas de filmes da semana


Corações Perdidos
Scott, Jake – diretor

Uma garota que se prostitui, uma mulher depressiva de pedra e um homem que lamenta a morte da amante. À primeira vista parece a pior indicação possível para uma sessão pipoca, mas esse drama me forçou a olhar a estória de um lugar onde não cabem julgamentos e lições de moral. E é aí que cabe lembrar que nosso mestre Jesus era um rapaz chegado em andar com más companhias, olhando além de tudo os sujeitos que sofrem escondidos atrás de suas armaduras: a mentira, a valentia, a sensualidade, os vícios. Ele mesmo dizia pra tirarmos a trave do nosso olho antes de avisar sobre o cisco do colega, mas é difícil de controlar, como é difícil! Logo nos primeiros minutos, fiquei comovida com a dor do cara que perde a amante – a amante! Coisa inimaginável pro meu coração duro de esposa “fiel e valiosa” (e olha o espírito de fariseu falando), mas a grande sacada de “Corações Perdidos” é essa: nem tudo é o que parece, as pessoas erram, sofrem porque erram, tentam acertar e se desviam, consertam erros do passado com estranhos que surgem do nada se tornando grandes heróis e assim caminha a humanidade – torta, imperfeita, mas com muita vontade de acertar.


Muito Longe de Casa: Memórias de um menino soldado
Beah, Ishmael
            O que você sabe sobre a África? Se em resumo sua resposta for: Savana, Leões, crianças desnutridas e roupas coloridas, sugiro que leia “Muito Longe de Casa” – pra chorar, se revoltar, agradecer o que tem no seu prato hoje e conhecer um pouco da triste história de Serra Leoa sob a ótica de um menino soldado. Ishmael Beah, ex-menino-soldado relata sua história de vida desde os doze anos quando sua família e sua aldeia são devastadas pela guerra civil e ele é aliciado como menino-soldado; seu relato é cru e visceral como a própria guerra: sangue, morte, medo preenchem as páginas e o texto pesa tanto que precisa ser lido em doses homeopáticas, mas um pouco da realidade do mundo afora é imprescindível para nosso crescimento: saber que crianças em várias partes do globo (inclusive nas nossas cidades, sobre as lajes dos morros, debaixo dos viadutos, dentro de suas próprias casas) morrem e são mutiladas no corpo e na alma serve de combustível para lutarmos por um lugar melhor para se viver – por nós, pelos nossos filhos e nossos irmãos.
            Ps: apesar dos pesares, a estória acaba bem.
(Emília Ribeiro da Silva)

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